Não assistiu a reportagem do Jornal Nacional (15/01) sobre o Maranhão? Não acredito! Então LEIA:
Uma semana depois, a governadora Roseana Sarney, do PMDB, se pronunciou sobre os ataques.
A primeira
entrevista da governadora foi depois uma reunião com o ministro da
Justiça, José Eduardo Cardozo. Ela associou o aumento da violência ao
crescimento econômico do estado.
“É um estado
que está se desenvolvendo, um estado que está crescendo. E um dos
problemas que está piorando a segurança é que o estado está mais rico,
mais populoso também”, disse Roseana Sarney, PMDB , governadora do
Maranhão.
O crescimento
do Maranhão mencionado pela governadora, e a qualidade de vida da
população do estado, são o assunto da reportagem de Tiago Eltz.
De fato, é
verdade: o Maranhão ficou mais rico. De acordo com os últimos números
do IBGE, o PIB do estado cresceu 15,3% entre 2010 e 2011. Bem acima do
crescimento do Brasil no mesmo período, que foi de 2,7%. O problema é
que esse crescimento não se traduziu em melhoria de vida para os
moradores. O Maranhão é também um dos piores nos índices sociais do
país.
São Luís é uma
cidade turística, com muitas praias. O palácio do governo, um prédio
imponente, fica à beira-mar. De lá se tem uma visão privilegiada das
desigualdades da cidade.
Proporcionalmente
à população, em nenhum estado do Brasil morrem mais crianças do que no
Maranhão. A média é quase o dobro da nacional. E quem vive lá, vive
menos. O Maranhão é o único estado onde a expectativa de vida não chega
aos 70 anos. A média brasileira é de quase 75 anos.
É só chegar às
áreas mais pobres para entender o porquê. “Estou muito tempo sem água
aqui. Nós estamos nos aventurando para ver se a gente consegue alguma
coisa. Até vir uma limpa. Agora está fedendo”, declara Uéldon dos
Santos, desempregado.
Lá, metade da
população não tem água tratada em casa. Quase 90% não tem esgoto. “Meu
filho até pegou problema de rim porque a água aqui é cheia de infecção”,
conta Josenira Pereira, dona de casa.
Os contrastes
estão por todo lado. Em um local o progresso chegou com a construção de
uma avenida e mudou a vida dos moradores, mas não do jeito que eles
queriam.
Em uma área que
alagava todos os dias com a maré, a construção da avenida criou uma
espécie de represa. Agora a água não chega e limpa a região, que não tem
nenhum tipo de saneamento. Com isso, todo esgoto, todo o lixo acabam
parados debaixo das casas.
Para o
especialista Marco Antônio Carvalho Teixeira, os números dão um recado
claro: “O que isso significa? Significa inclusive que se há riqueza no
estado. Essa riqueza está concentrada nas mãos de poucos. Indica que um
conjunto de questões ligadas a políticas públicas, que deveriam estar
sendo oferecidas para os cidadãos – que vai desde atendimento médico,
atendimento em hospital, a infraestrutura, saneamento – estão falhando”,
afirma Marco Antônio Carvalho Teixeira, cientista político da FGV.
As
desigualdades no estado se refletem também nas estatísticas sobre
segurança. O Maranhão tem a pior relação de policiais militares por
habitantes. Tem um PM para cada 916 moradores. São Paulo tem um PM para
cada 462, e o Rio um para cada 371 habitantes.
A governadora
Roseana Sarney foi insistentemente procurada pra falar sobre o quadro
que essa reportagem apresenta, mas preferiu que o secretário de
desenvolvimento social falasse.
O secretário Fernando Fialho diz que as políticas sociais já apresentam resultados, que começam a ser sentidos pela população.
“A melhoria das
condições sociais no Brasil tem sido um desafio que tem sido enfrentado
de frente por todas as esferas do governo. A redução da extrema
pobreza, vale salientar, no Maranhão, nesses últimos anos, nós tivemos
um redução captada pela PNAD, agora de 2012, de 22% para 12% na extrema
pobreza do Maranhão” Fernando Antônio Brito Fialho. secretário de
Desenvolvimento Social do Maranhão.
De acordo com o
secretário, por causa da lei de responsabilidade fiscal, o estado teve
que sanar as dívidas para depois começar a investir, o que aconteceu a
partir de 2012. Ele destacou a construção de estradas ligando o interior
do estado, o que facilitará o acesso a produtos e à saúde, além de
melhorar a economia, com escoamento mais rápido da produção.
“Com o
funcionamento da rede total de hospitais que estão sendo feitos no
estado, com a melhoria dos acessos a todas as cidades, interligação
através de rodovias, que permitam o melhor fluxo econômico do estado com
a conclusão desses investimentos que estão trazendo mais oportunidades
de emprego/renda, com a capacitação que está acontecendo, eu não tenho
dúvida de que essa realidade, que já está mudando, como demonstram os
indicadores de forma mais acelerada, agora nos próximos dois a quatro
anos seguintes, será diferente”, declara o secretário de Desenvolvimento
Social do Maranhão.